Memorialística e historiografia: a narrativa de um médico judeu-húngaro sobrevivente de Auschwitz
Objetivo: o artigo discute a potencialidade da memorialística como produtora de textos historiográficos, embora a distinga do conceito de memória utilizado por historiadores. Como fonte específica do trabalho, escolhemos o livro do húngaro Miklós Nyiszli sobre a sua experiência como membro do corpo...
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Universidad Nacional de Colombia
2021
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oai:doaj.org-article:0607dad0d666452699ff6419a102a5302021-11-30T23:35:13ZMemorialística e historiografia: a narrativa de um médico judeu-húngaro sobrevivente de Auschwitz0120-24562256-5647https://doaj.org/article/0607dad0d666452699ff6419a102a5302021-11-01T00:00:00Zhttps://revistas.unal.edu.co/index.php/achsc/article/view/92642https://doaj.org/toc/0120-2456https://doaj.org/toc/2256-5647 Objetivo: o artigo discute a potencialidade da memorialística como produtora de textos historiográficos, embora a distinga do conceito de memória utilizado por historiadores. Como fonte específica do trabalho, escolhemos o livro do húngaro Miklós Nyiszli sobre a sua experiência como membro do corpo médico de Auschwitz em 1944. Metodologia: definimos memorialística a partir de uma abordagem de crítica literária, entendendo o texto como narrativa testemunhal escrita por quem participou diretamente dos eventos relatados. O método empregado foi, em primeiro lugar, a crítica interna de fontes proposta pelo historicismo e aprimorada por Marc Bloch em Apologia da História e, em segundo lugar, o método proposto por Lawrence Bardin em Análise de Conteúdo, que permite a segmentação do texto a partir de ideias-chave a critério do investigador. Originalidade: reside, em primeiro lugar, na discussão do status da memorialística no campo da historiografia e, em segundo lugar, na escolha de autor pouco trabalhado pelos estudiosos do Holocausto, como Primo Levi ou Elias Wiesel (embora tenhamos buscado a opinião de Levi sobre Nyiszli). Conclusões: submetemos o livro a uma crítica interna, considerando o papel desempenhado pelo memorialista no serviço médico de Birkenau em 1944. Demonstramos a ambigüidade do texto, espelho de um homem ambivalente, prisioneiro do Nazis e também assistente da ss. Concluímos, enfim, que apesar de prevalecer a descrição de procedimentos, bem como do tom por vezes moralizante, o livro comprova o valor da memorialística, não necessariamente como texto histórico explicativo, senão como manancial riquíssimo de informações sobre o Holocausto, em geral ausentes da documentação do III Reich, que a burocracia estatal destruiu antes da derrota final na guerra. Ronaldo VainfasDenise RollembergUniversidad Nacional de ColombiaarticleAuschwitzdeportaçãohistoriografiaholocaustomemorialísticamemóriasHistory (General)D1-2009Latin America. Spanish AmericaF1201-3799ENESPTAnuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura, Vol 49, Iss 1 (2021) |
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Objetivo: o artigo discute a potencialidade da memorialística como produtora de textos historiográficos, embora a distinga do conceito de memória utilizado por historiadores. Como fonte específica do trabalho, escolhemos o livro do húngaro Miklós Nyiszli sobre a sua experiência como membro do corpo médico de Auschwitz em 1944. Metodologia: definimos memorialística a partir de uma abordagem de crítica literária, entendendo o texto como narrativa testemunhal escrita por quem participou diretamente dos eventos relatados. O método empregado foi, em primeiro lugar, a crítica interna de fontes proposta pelo historicismo e aprimorada por Marc Bloch em Apologia da História e, em segundo lugar, o método proposto por Lawrence Bardin em Análise de Conteúdo, que permite a segmentação do texto a partir de ideias-chave a critério do investigador. Originalidade: reside, em primeiro lugar, na discussão do status da memorialística no campo da historiografia e, em segundo lugar, na escolha de autor pouco trabalhado pelos estudiosos do Holocausto, como Primo Levi ou Elias Wiesel (embora tenhamos buscado a opinião de Levi sobre Nyiszli). Conclusões: submetemos o livro a uma crítica interna, considerando o papel desempenhado pelo memorialista no serviço médico de Birkenau em 1944. Demonstramos a ambigüidade do texto, espelho de um homem ambivalente, prisioneiro do Nazis e também assistente da ss. Concluímos, enfim, que apesar de prevalecer a descrição de procedimentos, bem como do tom por vezes moralizante, o livro comprova o valor da memorialística, não necessariamente como texto histórico explicativo, senão como manancial riquíssimo de informações sobre o Holocausto, em geral ausentes da documentação do III Reich, que a burocracia estatal destruiu antes da derrota final na guerra.
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