Jean Lorrain: humor como vetor de tensão do fantástico
Comumente associamos a narrativa fantástica ao medo, ao perigo da morte, à violência, à dor e ao sofrimento, como se eventos sobrenaturais fossem obrigatoriamente de natureza maligna. Por essa mesma razão, a mente humana afasta a possibilidade de uma narrativa fantástica conter elementos de humor,...
Guardado en:
Autor principal: | |
---|---|
Formato: | article |
Lenguaje: | EN ES FR IT PT |
Publicado: |
Universitat Autònoma de Barcelona
2018
|
Materias: | |
Acceso en línea: | https://doaj.org/article/4063a61e7a5a4f168dc10d7412def92a |
Etiquetas: |
Agregar Etiqueta
Sin Etiquetas, Sea el primero en etiquetar este registro!
|
Sumario: | Comumente associamos a narrativa fantástica ao medo, ao perigo da morte, à violência, à dor e ao sofrimento, como se eventos sobrenaturais fossem obrigatoriamente de natureza maligna. Por essa mesma razão, a mente humana afasta a possibilidade de uma narrativa fantástica conter elementos de humor, dada a pretensa incompatibilidade entre o riso e o medo. Entretanto, preferimos entender medo e riso como forças antagônicas, mas complementares porque ambas se alimentam reciprocamente: rimos do outro porque ele tem algo a temer que nós não tememos; ou rimos de nós mesmos quando descobrimos que a causa de nosso próprio medo é superada. Dessa forma, podemos entender o riso como forma de evitar a vinculação daquele que ri com uma ameaça, seja de forma preventiva (antes ou durante o evento sobrenatural) ou de forma retrospectiva (passada a situação assustadora). No caso dos contos «Lanterne magique» (1891) e «L’égregore»(1891) de Jean Lorrain (1855-1906), o humor apresenta-se como oposição à realidade sobrenatural oculta sob o véu da realidade ordinária em que vivem os personagens, isto é, apresenta-se como vetor de tensão do fantástico, contrapondo-se cética e ironicamente à leitura ocultista feita por um dos personagens acerca das atitudes e hábitos de frequentadores da alta-roda parisiense da belle époque.
|
---|