Entre máquinas desejantes e máquinas de guerra
O artigo propõe uma análise conceitual introdutória ao problema do fascismo da forma em que este é desenvolvido nos dois volumes de Capitalismo e esquizofrenia, de Deleuze & Guattari. Um dos méritos da abordagem deleuze-guattariana, alinhada à tradição da “servidão voluntária”, é abordar a prob...
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Formato: | article |
Lenguaje: | PT |
Publicado: |
Sociedade Hegel Brasileira
2021
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Materias: | |
Acceso en línea: | https://doaj.org/article/59a75b7537224fae8d9c93764d6a5d08 |
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Sumario: | O artigo propõe uma análise conceitual introdutória ao problema do fascismo da forma em que este é desenvolvido nos dois volumes de Capitalismo e esquizofrenia, de Deleuze & Guattari. Um dos méritos da abordagem deleuze-guattariana, alinhada à tradição da “servidão voluntária”, é abordar a problemática do fascismo como um fenômeno desejante, sendo o desejo o motor de produção do campo social. No entanto, há uma mudança de tom na passagem de um volume a outro em relação à problemática do desejo, e daí deriva uma transformação na conceitualização do fascismo: Em O anti-Édipo o fascismo é entendido como um desvio das forças produtivas do desejo, através da inserção, no corpo do desejo, de fragmentos de códigos arcaicos trabalhando em uma reterritorialização em favor do e pelo socius: para conter uma desterritorialização absoluta do desejo que libertaria o campo social e a produção desejante do socius, se introduzem elementos de reterritorialização que impedem que o desejo atinja seu potencial de dissolução do socius. Já em Mil Platôs, junto a uma tomada da problemática do microfascismo como fenômeno molecular do desejo, temos uma análise que modifica os eixos da investigação: a partir de uma inversão da relação entre máquina de guerra e aparelho de Estado, temos a situação peculiar em que o Estado é tomado por uma máquina de guerra revolucionária fascista, isso é, o Estado é tomado por uma linha de destruição total e tem seus aparelhos de captura e aparatos burocráticos impregnados por um desejo fascista que tem na destruição “pura e simples” seu único fim tendencial, resultando em um Estado suicidário. Com estes desenvolvimentos conceituais podemos nos perguntar: quais as relações entre fascismo e Estado? Na mesma medida, é o caso de entender o que contemporaneamente vem sendo chamado de “neo-fascismo” dentro do quadro geral chamado por Deleuze & Guattari de pós-fascismo e, com isso, postular tanto um possível devir-fascista global quanto apontar alguns cuidados para evitá-lo e enfrentá-lo.
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