Editorial Revista Espinhaço #15

No final dos anos 1990, eu tinha um sonho: estudar numa instituição federal de ensino. No caso, na UFMG. No ambiente do cursinho, estudantes batalhavam sete dias por semana almejando a sonhada matrícula. Naquele tempo, as vagas eram restritas, existiam poucas oportunidades transformadoras e ninguém...

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Detalles Bibliográficos
Autor principal: Douglas Sathler
Formato: article
Lenguaje:EN
PT
Publicado: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 2019
Materias:
Acceso en línea:https://doi.org/10.5281/zenodo.3588223
https://doaj.org/article/5a0d866d81974c69bf5e933abbf44f0e
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Descripción
Sumario:No final dos anos 1990, eu tinha um sonho: estudar numa instituição federal de ensino. No caso, na UFMG. No ambiente do cursinho, estudantes batalhavam sete dias por semana almejando a sonhada matrícula. Naquele tempo, as vagas eram restritas, existiam poucas oportunidades transformadoras e ninguém queria ficar de fora. Parecia existir um consenso interessante: a universidade pública era parte do Brasil que dava certo. Nos últimos 20 anos, quantos avanços importantes vivenciamos nas universidades públicas. Podemos citar a ampliação de vagas, a expansão para lugares distantes dos grandes centros e o aumento do acesso por parte dos estudantes de escolas públicas. Em pesquisa recente, descobrimos que 80% dos estudantes da UFVJM, universidade localizada numa das regiões mais carentes do país, o Vale do Jequitinhonha, vieram das escolas públicas. No entanto, apesar dessas informações animadoras, os últimos anos têm sido difíceis para o ensino superior no Brasil. No discurso geral, a universidade pública virou “o problema” do país, ao invés de instrumento para a promoção do desenvolvimento e da inclusão social. Os professores são desprestigiados dia após dia, o ambiente de trabalho tem sido deteriorado, as instituições de fomento à pesquisa e inovação estão quebradas e a assistência estudantil não é suficiente. Nesse contexto, as jovens universidades menos consolidadas, sofrem consequências ainda mais perversas, sobretudo àquelas que possuem lideranças com pauta dissonante dos anseios da comunidade acadêmica. Projetos como a Revista Espinhaço, que prezam pela promoção da ciência e pela elaboração de trabalhos com impacto regional, me parecem um alento. Como sobreviver a esse caos? No meu ponto de vista, um dos possíveis diagnósticos é geográfico: crise de escala. É isso mesmo! Estamos vivendo uma crise de escala. Despejamos toda a nossa energia e saúde em problemas nacionais e prestamos pouca atenção no universo de possibilidades que existem em nosso entorno. Somos distraídos e consumidos com notícias de todo o tipo sobre o que acontece em Brasília, muitas delas ultrapassando as fronteiras do absurdo. Reorientar nossa atenção profissional e equilibrar o nosso espírito cidadão são fundamentais para a nossa saúde mental. Vigilantes sempre! Alienados aos problemas das nossas comunidades, jamais! Nesse espírito, a Revista Espinhaço caminha para o seu 15º volume, trazendo, como de costume, seis artigos inéditos, uma entrevista especial e uma resenha.