Pesquisa translacional e a contribuição de farmaceuticos clínicos nos serviços de saúde
A tradução dos resultados da pesquisa médica para as práticas clínicas nos serviços é um dos maiores desafios enfrentados pelos sistemas sanitários1,2. Para preencher esta lacuna, a investigação translacional (IT) vem sendo ressaltada como o caminho de transformação dos resultados da pesquisa básic...
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Publicado: |
Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde
2019
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Public aspects of medicine RA1-1270 Pharmacy and materia medica RS1-441 Therapeutics. Pharmacology RM1-950 |
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Public aspects of medicine RA1-1270 Pharmacy and materia medica RS1-441 Therapeutics. Pharmacology RM1-950 Elisangela da Costa Lima- Dellamora Matthew Peak Pesquisa translacional e a contribuição de farmaceuticos clínicos nos serviços de saúde |
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A tradução dos resultados da pesquisa médica para as práticas clínicas nos serviços é um
dos maiores desafios enfrentados pelos sistemas sanitários1,2. Para preencher esta lacuna, a investigação
translacional (IT) vem sendo ressaltada como o caminho de transformação dos resultados da pesquisa
básica e aplicada em alternativas reais de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças2,3,4.
No escopo da IT, frequentemente se tem em mente o chamado ‘bench to bedside’, que objetiva,
por exemplo, uma ponte entre a pesquisa básica e a introdução de uma nova formulação farmacêutica no
mercado4
. No entanto, a utilização da melhor evidência disponível na prática clínica bem como a avaliação
da implantação de novas diretrizes de cuidado nos desfechos em saúde configuram outras fases da IT4,5. Estas fases são de extrema relevância para o campo da Farmácia, sobretudo, da assistência farmacêutica.
Medicamentos novos, geralmente, representam melhorias apenas incrementais. Por outro
lado, os pacientes podem ter maior benefício clínico se as alternativas terapêuticas já conhecidas forem
utilizadas adequadamente4,6. No Brasil, apesar dos avanços relacionados a elaboração de protocolos
clínicos e diretrizes terapêuticas para a atenção de alta complexidade, ainda se verificam graves problemas
pela pressão no processo de incorporação de novas tecnologias em saúde no âmbito dos serviços7
. O extensivo marketing associado às descobertas, que nem sempre possuem impacto sanitário, são
fascinantes para o público e lucrativo para a indústria, imputando desafios metodológicos para a garantia
da segurança dos pacientes4
.
A transferência de conhecimentos da pesquisa básica para a área aplicada é instigante e depende
da estreita integração de pesquisadores e de instituições sanitárias, governamentais e acadêmicas, o que é
um desafio para a maioria dos países8
. Diversos programas de pós-graduação no Brasil e no mundo tem
procurado a aproximação do pesquisador ao campo de prática9
. No entanto, Bornstein e Licinio apontam
que a separação entre a pesquisa e prática clínica diária e o seu financiamento por entidades diferentes
reduzem a eficiência das iniciativas de translação. No contexto brasileiro, soma-se o desafio de executar
um sistema público de saúde para cerca de 200 milhões de habitantes em 5565 munícipios com 491.603
leitos hospitalares.
As melhores universidades, serviços de saúde e institutos de pesquisa médica tem trabalhado
em conjunto no Reino Unido, Alemanha, Austrália, Singapura e EUA para progressos no cuidado em
saúde que é entregue à comunidade8
. Recentemente, o Colégio Americano de Farmácia Clínica destacou
importância do desenvolvimento de competências para farmacêuticos para a realização de investigações
que atendam às crescentes demandas da sociedade10. Pesquisas translacionais que conjuguem métodos
em farmacologia podem gerar novos conhecimentos que orientem as particularidades na escolha e
monitoramento da terapia medicamentosa11. É necessário, contudo, a formação de farmacêuticos
e ampliação do número de programas de pós-graduação que contemplem a área, assim como o
desenvolvimento de orientadores11.
No Reino Unido, o Instituto nacional de pesquisa em saúde — National Institute for Health
Research (NIHR) — financiou um programa de cinco anos chamado Adverse Drug Reaction in Children
(ADRIC) que resultou na melhora da gestão e compreensão das reações adversas a medicamentos
(RAM) em crianças e adultos dentro do sistema de saúde12. Pesquisadores de universidades e instituições
de saúde de Londres, Manchester e Liverpool desenvolveram novas ferramentas para avaliação da
causalidade e evitabilidade de RAM e de melhores estratégicas de comunicação com as famílias dos
pacientes. O papel de farmacêuticos clínicos pesquisadores no desenho, implementação do estudo e
interpretação dos resultados foi essencial nesse programa.
Por um lado, a produção acadêmica, no que se considera como primeira fase da IT, apresentou
crescimento exponencial5
. Por outro lado, a IT em outras fases é lenta, embora seja evidente como
protocolos, diretrizes e manuais de grande importância para o sistema de saúde8. apresentam-se de forma
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