Estudos de revisão narrativa na área de Assistência Farmacêutica: qual a validade?
Medicamentos dentre as tecnologias em saúde representam grande parcela dos gastos públicos com saúde. Novos medicamentos ganham o mercado anualmente e com isso as demandas pela incorporação pelo sistema de saúde geradas pelos laboratórios farmacêuticos, usuários e profissionais de saúde, têm cresci...
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Formato: | article |
Lenguaje: | EN PT |
Publicado: |
Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde
2019
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Materias: | |
Acceso en línea: | https://doaj.org/article/9103236a710248fc9cd1fe91be2d927b |
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Sumario: | Medicamentos dentre as tecnologias em saúde representam grande parcela dos gastos públicos com
saúde. Novos medicamentos ganham o mercado anualmente e com isso as demandas pela incorporação
pelo sistema de saúde geradas pelos laboratórios farmacêuticos, usuários e profissionais de saúde, têm
crescido substancialmente, ocasionando pressões importantes aos tomadores de decisão.
As informações sobre custo-efetividade-segurança e formas de utilização de medicamentos podem
ser provenientes de estudos primários (ensaios clínicos controlados e randomizados com amostra
representativa ou coortes metodologicamente bem elaboradas com resultados consistentes e grande
estimativa de efeito) ou de estudos secundários (revisões sistemáticas e meta-análises) ou ainda de
estudos terciários (sinopses ou sínteses de evidências, overviews, entre outros).
Estudos que abordam principalmente questões relacionadas a tratamento são hierarquizados quanto
ao grau de confiança nos resultados, ou seja, sua validade interna e externa. A hierarquização é baseada nas
limitações metodológicas relacionadas ao tipo de estudo, pois por mais que o pesquisador controle cada
tipo de viés (erro sistemático), alguns são praticamente impossíveis de serem completamente eliminados.
Podem-se citar como exemplo, estudos do tipo coortes que não conseguem eliminar o viés de seleção, pois
os pacientes não foram randomizados para entrarem no estudo ou os estudos do tipo retrospectivo (casoscontrole) dificilmente eliminam o viés relacionado à memória, falha de registro, confirmação do dado etc.
Assim, estudos observacionais apresentam maior limitação metodológica para estabelecer relação
entre o desfecho estudado e a intervenção, os colocando em níveis mais baixos de evidência do que os
ensaios clínicos randomizados. Este mesmo raciocínio de aplica aos estudos secundários. No topo da
pirâmide das evidências se encontram as revisões sistemáticas e na base da mesma, logo depois dos
estudos pré-clínicos, estão as revisões narrativas (opiniões de especialistas)1
.
A palavra evidência em saúde deve ser entendida como o corpo de fatos (provas) ou informações
disponíveis indicando se os achados para responder a um problema são verdadeiros ou válido.
No processo de seleção da informação para tomada de decisão em saúde deve ser considerado o nível
de evidência em que o estudo se encontra. Informações provenientes de estudos em níveis mais elevados
terão maior valor científico para responder uma pergunta, com maior validade de resultados (desde que
metodologicamente bem concebidos) do que aqueles que se encontra em um nível mais abaixo. De
qualquer forma, no processo de tomada de decisão em saúde, ponderando, principalmente nas questões que
envolvem a Assistência Farmacêutica, deve-se sopesar toda a evidência disponível, seu nível de confiança e
não simplesmente escolher aquelas que dão suporte às nossas ideias ou conflitos de interesse.
Particularmente, gostaria de discutir o papel das revisões para a Assistência Farmacêutica. As revisões
figuram como o tipo de artigo mais procurado em bibliotecas e jornais científicos. Estudos de revisão são
caracterizados pela análise e síntese da informação disponibilizada por todos os estudos relevantes publicados
sobre um determinado tema/problema, de forma a sintetizar o corpo de conhecimento disponível e concluir
sobre o tema. Existem diversos tipos de estudos de revisão e cada um deles segue uma metodologia específica.
Neste editorial, daremos destaque às revisões narrativas, ou comumente denominadas revisões da literatura.
As revisões narrativas têm abordagem qualitativa, não possuem metodologia que permitam a
reprodução dos dados e nem fornecem respostas quantitativas para questões específicas. Geralmente
abordam o estado da arte (estado do conhecimento) a partir do descritivo da trajetória e distribuição da
produção científica sob ponto de vista teórico e contextual. Este tipo de estudo estabelece relações com
produções anteriores, identifica temáticas recorrentes, aponta as novas perspectivas, ou aquilo que tem
recebido menos destaque na literatura2
.
Podem existir muito boas razões para se escrever uma revisão narrativa de qualidade. Por exemplo,
sínteses narrativas são artigos educacionais úteis, uma vez que agrupam informações em um formato que
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