“Remédio da Ciência” e “Remédio da Alma”: os usos da secreção do kambô (Phyllomedusa bicolor) nas cidades

Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da secreção da rã arbórea Phyllomedusa bicolor, chamada de kambô. Tradicionalmente usada como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico (entre eles, Katukina, Yawanawa e Ka...

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Detalles Bibliográficos
Autores principales: Edilene Coffaci de Lima, Beatriz Caiuby Labate
Formato: article
Lenguaje:EN
ES
FR
PT
Publicado: Universidade Federal do Paraná 2007
Materias:
Acceso en línea:https://doaj.org/article/c84eeed2c1a0460fb18f6956cdf0c067
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Descripción
Sumario:Desde a metade da última década, em grandes cidades do Brasil, começou a se difundir o uso da secreção da rã arbórea Phyllomedusa bicolor, chamada de kambô. Tradicionalmente usada como revigorante e estimulante para caça por grupos indígenas do sudoeste amazônico (entre eles, Katukina, Yawanawa e Kaxinawá)2, nos centros urbanos tem havido um duplo interesse pelo kambô: como um “remédio da ciência” – no qual se exaltam suas propriedades bioquímicas – e como um “remédio da alma” – onde o que mais se valoriza é sua “origem indígena”. O kambô tem se difundido, sobretudo, em clínicas de terapias alternativas e no ambiente das religiões ayahuasqueiras brasileiras, isto é, entre adeptos do Santo Daime e da União do Vegetal e de suas dissidências. Os aplicadores são bastante diversos entre si: índios, seringueiros e ex-seringueiros, terapeutas holísticos, líderes ayahuasqueiros e médicos. Neste artigo apresentaremos uma breve etnografia da difusão do kambô, analisando, sobretudo, o discurso que esses diversos aplicadores têm elaborado sobre o uso da secreção3, compreendida por alguns como uma espécie de planta de poder, análoga ao peiote e à ayahuasca.