Decisão compartilhada na atenção primária e desfechos em saúde: uma revisão integrativa
O processo de decisão compartilhada pode ser definido a partir dos seguintes elementos: 1. há, no mínimo, duas pessoas envolvidas no processo de decisão, o médico e o paciente; 2. médico e paciente compartilham informações; 3. ambos contribuem para o processo decisório expondo suas preferências; 4....
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Autores principales: | , |
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Formato: | article |
Lenguaje: | PT |
Publicado: |
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
2021
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Materias: | |
Acceso en línea: | https://doaj.org/article/d4008d331aae4b5a94da3c2aa321d0f6 |
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Sumario: | O processo de decisão compartilhada pode ser definido a partir dos seguintes elementos: 1. há, no mínimo, duas pessoas envolvidas no processo de decisão, o médico e o paciente; 2. médico e paciente compartilham informações; 3. ambos contribuem para o processo decisório expondo suas preferências; 4. chega-se a uma decisão sobre a qual todos os envolvidos concordam. Seu emprego se justifica principalmente pelo aspecto ético de incluir o paciente nas decisões cujas consequências ele sofrerá. Todavia, muito se questiona sobre a relação desta prática com os desfechos em saúde. Objetivos: Esse estudo tem por objetivo avaliar a relação entre a prática da decisão compartilhada e desfechos em saúde em cenários de atenção primária à saúde. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura e foram incluídos artigos que tivessem medidas empíricas de decisão compartilhada durante o encontro clínico, cujo cenário fosse a atenção primária à saúde e que apresentasse avaliação de, pelo menos, um desfecho em saúde. Resultados: Inclui-se dez artigos no estudo, e os temas abordados são depressão (4 artigos), hipertensão (2), diabetes (1), risco cardiovascular (1), rastreio de câncer colorretal (1) e infertilidade (1). Metade dos estudos sobre depressão encontraram associação positiva entre a decisão compartilhada e a melhora dos sintomas depressivos. Dos estudos sobre hipertensão, não se encontrou associações estatisticamente significativas. Do estudo sobre diabetes, não se constatou correlação positiva entre decisão compartilhada e redução da hemoglobina glicada e do LDL. Compartilhar a decisão ao discutir risco cardiovascular não piorou o escore deste indicador 6 meses após a consulta. Com relação ao rastreio de câncer colorretal, discutir riscos e benefícios e avaliar as preferências dos pacientes se associou negativamente à realização dos testes de rastreio. Por fim, decisão compartilhada se associou a melhor experiência de cuidado para pessoas em acompanhamento para infertilidade na atenção primária. Dois estudos cronometraram consultas e não se observou diferenças de tempo entre aqueles que usaram e os que não usaram a decisão compartilhada. Quatro estudos não definiram conceitualmente a decisão compartilhada e quatro estudos não utilizaram ferramentas validadas para medi-la. Conclusão: Com relação aos desfechos avaliados, os artigos incluídos nesta revisão apresentam resultados ambíguos, com aparente tendência de correlação positiva entre decisão compartilhada e desfechos. Todavia, a falta de uniformidade com relação à definição conceitual de decisão compartilhada parece ser potencial barreira para pesquisas de maior qualidade na área.
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