O cenário político brasileiro e as disputas de hegemonia nos planos ideológico, discursivo e linguístico

A onda de retrocessos sociais e democráticos que vivemos atualmente no Brasil teve a particularidade de ser legitimada por uma parcela expressiva da população, por meio do voto. Isso indica que, em alguma medida, houve uma adesão popular aos discursos propagados pelo grupo político que assumiu o po...

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Main Authors: Emerson de Pietri, Tatiane Silva Santos, Thiago Mena
Format: article
Language:PT
Published: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 2021
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Online Access:https://doaj.org/article/e657ade639c74ca9a321836efd624c2e
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Summary:A onda de retrocessos sociais e democráticos que vivemos atualmente no Brasil teve a particularidade de ser legitimada por uma parcela expressiva da população, por meio do voto. Isso indica que, em alguma medida, houve uma adesão popular aos discursos propagados pelo grupo político que assumiu o poder nas eleições de 2018. Entretanto, sabe-se que tal adesão não se deu de forma espontânea, mas mediada por mecanismos sofisticados de manipulação de opiniões, os quais misturam estratégias retóricas já bastante conhecidas, com as mais novas tecnologias de comunicação disponíveis: uma junção potente que ainda não sabemos bem como desarmar. Nosso objetivo, neste artigo, é contribuir para tornar explícitos alguns desses mecanismos, de modo a possibilitar, por parte de quem lê, a apreensão crítica das disputas de hegemonia que se processam nos planos linguístico, discursivo e ideológico. Para tanto, analisamos dados produzidos a partir de pronunciamentos públicos do então presidente da república, o qual, devido à centralidade de sua posição social, caracteriza-se como porta-voz dos discursos cultivados em seu grupo político. Tomamos por referencial teórico os estudos de Klemperer (2009) sobre os padrões do discurso fascista e de Pêcheux (1988) sobre a ocultação dos processos ideológicos dominantes. Com o trabalho de análise foi possível identificar um procedimento discursivo empregado pela extrema-direita a que denominamos controle do contraditório. Trata-se de uma tática utilizada para camuflar as contradições da realidade, com a finalidade de manter o controle de situações conflitivas.